Sempre escrevi esse blog para compartilhar aprendizados e insights para o crescimento dos negócios contábeis, eram coisas que ou eu estava aprendendo ou colocando em prática na Capital Social Contabilidade e Gestão, mas você percebeu que desde Janeiro não incluo nenhum artigo.

Isso foi antes da crise da Covid e agora estamos em Setembro, e o motivo foi que eu estava suando a camisa para contornar todas as dificuldades. O detalhe é que eu não estive sozinho, conversei com muitos colegas e todos estavam se esforçando ao máximo com esses mesmos objetivos.

Afinal, quantos desafios tivemos: Para muitos foi a primeira experiência da equipe em home office (ficar longe de todos foi difícil), tivemos que cuidar das finanças do escritório e com algum nível de ruptura de receita e perda de clientes, nossa necessidade de se atualizar teve que ser ampliada com a quantidade de medidas do governo assim como o trabalho operacional para implementa-las e tenho certeza que seus clientes precisaram de atendimento e atenção especial nesse período.

Uffa! Realmente estou cansado e tenho certeza que você está.

Mas assim como eu, você também não parou, e com certeza foi parado por um Pedro Nery da vida no Youtube demonstrando como vender mais serviços consultivos ou ainda como fazer Marketing Contábil eficiente com o Anderson Hernandes, e um montão de outros colegas que apareceram em instagram, facebook e quiça até Tik Tok,rs.

Concordo que vender é importante, mas só vender não. Um cliente novo chega cheio de expectativas para consumir seus serviços e se você não cuidar dos vários aspectos de entrega dos serviços vai frusta-lo e o esforço será em vão. Porém, com a nossa realidade e mercado cada vez mais complexo não é possível fazer mais sozinho. A regra de ouro é somar para multiplicar.

E eu vou te mostrar o que eu estou aprendendo e observando e principalmente, vou demonstrar como alguns negócios conhecidos vão bem pois implementarão a verdadeira visão do dono, aumentando a quantidade de parceiros e sócios.

Vamos juntos….

Mercado de Contabilidade e a mudança do modelo de gestão

Bem parece clichê mas gosto sempre de fazer uma breve consideração com relação ao mercado contábil.

Até dois a três anos atrás o mercado de contabilidade entregava um serviço com as mesmas características. Os serviços contábeis eram commodities sem qualquer variação. Isso não implicava em ter uma concorrência baseado em diferenciais então o foco era o preço. Não que o preço não seja o foco da vez, mas agora tem realmente o preço baseado em uma proposta de valor.

Então de que forma se o crescimento de empresas em um mercado neste formato?

Através do Planejamento, Comando e Controle, onde um Empresário Contábil de visão poderia direcionar o seu foco e comandar todas as suas equipes em busca do melhor resultado.

Mas o que aconteceu?!?

O Mercado Mudou. E eu não estou falando aqui somente na Busca por Diferenciação, assunto que mencionei no primeiro artigo deste ano em Tendências Catraca do Mercado Contábil em 2020

Mas veja se eu estou certo, no que vem acontecendo.

As mudanças estão cada vez mais rápidas. Padrões que você imaginava serem o mais moderno, envelhecem rápido e são substituídas por novas práticas.
As tecnologias são introduzidas e disseminadas de forma muito rápida. As inovações estão a disposição de todos.
Os custos se reduzem. Não dá para desprezar que alguma tecnologia adotada acaba reduzindo custos antes existentes e introduzindo novos.
Aumento de competição. Bem a busca de diferenciais competitivos não deixa mentir na competição desenfreada que estamos vivendo.
Quando tudo isso acontece ao mesmo tempo, acredite, quem ganha poder é o consumidor. É ele que tem o poder de decisão de entrar e sair do seu escritório a qualquer momento.

E com isso, não existem mais escritórios de um dono só, ou ainda de um Super Homem. Aquele que segue o Planejamento, Comando e Controle e dá certo.

Para evoluir com sua empresa há só um caminho. Ter mais pessoas que pensem e ajam como donos, que possuam uma visão completa de ação e reação e principalmente que tenham autonomia para agir.

Seu tempo, dedicado ao Controle de Pessoas é tempo perdido que poderia ser gasto com mais crescimento. Se sua empresa depende extremamente de você, ou você começa a pensar diferente e pavimentar um caminho ou você vai limitar o seu crescimento e principalmente, morrer louco. Rs

Então o caminho é ter mais pessoas alinhadas, somente assim a autonomia se traduz em decisão. Isso somente é conseguido com alguém que seja um sócio. E nada então mais eficiente do que um sócio, mas leia até o final sem me julgar, pois empresas que tiveram sucesso com isso adotaram estratégias bem claras.

Porque sempre temos uma história de relação de sócios que se desgastaram

Acho que mereço o seu não julgamento para explicar o que conhecemos com histórias de ter sócios, algumas as vezes bem próximas e que nos leva a crer que não ter sócios ou parceiros talvez seja melhor.

A verdade é que as várias brigas que ocorrem e que já ouvimos falar ou ainda vivenciamos ocorrem por um único motivo. O crescimento desigual dos sócios em termo de envolvimento e entrega na empresa.

Quando duas iniciam uma empresa, a expectativa e momentos das pessoas podem estar alinhados e equilibrados. Normalmente é isso inclusive que provoca a abertura de um negócio.

Mas com o passar do tempo, o desenvolvimento pessoal não é equilibrado, criando uma desigualdade e principalmente criando um sentimento de estar sendo “explorado” pelo outro que não está mais no mesmo nível.

Um dos sócios por exemplo, pode começar a ter interesse em outros negócios por exemplo. O que tem de errado nisso. Eu diria que nada, desde que, é claro, tenha um sistema de ajuste na sociedade para equilibrar essa relação.

A falta deste sistema flexível de ajuste das sociedades é que criam o atrito necessário para as brigas que conhecemos.

Existe ainda um outro fator que nos mantem longe de trazer novos sócios.

Normalmente encaramos a entrada de um novo sócio como uma divisão da empresa e uma perda de rendimento futuro.

Veja essa é uma visão atrelada a um sistema de gestão antigo. Você precisa de sócios e parceiros de negócio que façam o valor do negócio crescer.

Um exemplo, minha empresa vale R$ 100. Eu consigo um sócio que dobre o valor do meu negócio, levando ele a valer R$ 200, e para isso tive que abrir de 10%. Então a melhor visão para isso não é eu perdi 10% da minha empresa mais sim, aumentei o meu valor para R$ 180 (90% * R$ 200). Isso é um crescimento patrimonial.

Qual a melhor forma de adequar sua empresa contábil para crescer

A primeira grande questão é preciso estar claro para você que este modelo é adequado. O dividir para crescer, deve ser uma crença verdadeira e um objetivo a ser perseguido.

Bem, essa é a parte mais difícil, confesso, eu mesmo durante muito tempo acredita firmemente que ter sócios era uma divisão desnecessária. Somente agora com o foco no crescimento e na melhor forma de fazer negócios que comecei a pensar nisso como alternativa.

Pense, uma empresa nada mais é que a união de pessoas, e talvez por isso o nome de sociedade. Portanto a melhor forma de proteger a sua empresa e faze-la crescer é torna-la flexível para que se ajuste para sempre ter os melhores sócios.

O tal do contrato social, que bem conhecemos não é nada flexível, por isso a necessidade de documentos adicionais para facilitar esse ajuste.

Alguns destes documentos e acordo adicionais são;

O Board Canvas que direciona a discussão de 13 temas importantes para ter uma governança adequada dos sócios. Baixe o Canvas aqui e recomendo a leitura do texto “13 pontos para discutir com os sócios, antes de iniciar um novo negócio“.
Acordo de Acionistas (ou Quotista), onde todos esses temas importantes para regular a relação dos sócios e da empresa.
Acordos de Recompra, é isso mesmo, lembra da tal flexibilidade da sociedade, para isso ela deve ter tanto critérios para admissão de sócios como para a saída dos mesmos através de recompras.
Acordos de valuation definidos. As regras para determinar o valor da empresa deve ser claros e conhecidos, somente assim você não gera discussões no valor de compra e recompra.
Regras claras de distribuição de dividendos, pois aqui também mora o perigo das discussões relacionadas ao tema “dinheiro”.

Bem, essa são pequenas sugestões, e sua intenção é tornar a empresa flexível, se adaptando a novos arranjos de sócios mas também tendo regras claras para evitar desconfortos. Claro, tenho que avisar que não apliquei isso no meu negócio, e aqui estou dividindo o meu estudo e comentários sobre o tema até o limite de onde fui… mas, se eu não tenho a aplicação prática eu consigo observar que estes arranjos, talvez não tão formatado tem dado certo em nosso mercado.

Exemplos de escritórios que estão crescendo com estrutura societária ou parceiros

Os exemplos não vão detalhar as estruturas, mas vão permitir entender que alguns escritórios tem tido sucesso em ter novos sócios.

O primeiro exemplo vem da Tactus, empresa contábil do Anderson Hernandes. Anderson, tem um trabalho junto com os empreendedores contábeis e em vários momentos de seus vídeos ou palestras conta que nem tem o sistema contábil instalado em seu computador.

O foco dele na empresa é o Marketing e ele somente consegue essa dedicação pois construir uma empresa estruturada com 5 sócios que tem responsabilidades distintas.

Assim, esses sócios conseguem cuidar de áreas como o Marketing, Vendas, Operações e Estratégia, todos muito bem alinhados com a direção que a empresa está tomando.

A forma de fazer isso, foi com um modelo de Partnership, onde colaboradores que se destacaram se tornaram sócios e mais recentemente com uma aquisição estratégia da ACCE Contabilidade. Um pouco disso tudo está escrito no texto Sócio na Contabilidade.

Para não ficar em exemplos únicos, temos um outro Contador conhecido o Pedro Nery do Canal Contabilidade Consultiva que é sócio da Marco Contabilidade. Além da estrutura societária da empresa, o crescimento desse negócio está pautada pelos Parceiros, chamados de Contadores Consultores que tem uma função de relacionamento com as empresas. São dezenas de parceiros atuando para o crescimento da organização.

Por fim, e não tão menos importante para ilustras, tem negócios contábeis que estão inteiramente pautados em um sistema de parcerias. Embora não seja um negócio tradicional contábil, o Abertura Simples do Rogerio Fameli, está estrutura como um sistema de parceiros, claro gerando receita a partir disso.

Agindo imediatamente para colher benefícios futuros em seu negócio contábil

Primeira questão, que reforço, é acreditar que esse modelo serve para você.

Esse com certeza é o primeiro grande passo e o essencial para todo o restante. Por isso pesquise (e divida comigo também!) e estude muito sobre os modelos de sucesso nesse tema. Por favor, não saia depois de ler este texto atrás de um sócio desesperadamente. Pois isso pode acabar de uma forma indesejada.

Dito isso, a primeira coisa que você pode fazer é criar um sistema de divisão de resultados com os colaboradores. Isso ainda não é um modelo de sócios, eu sei, mas pode ser uma forma de ativar a sua equipe para o senso de dono que falamos aqui e possível o início de um sistema de partnership que falaremos abaixo.

a) Modelo de Partnership

Nesse modelo, você possibilita que colaboradores possam ser tornar sócios. Aqui os que se destacam e atingem melhores resultados podem adquirir uma parte da empresa.

E por que adquirir e não simplesmente dar? Lembre-se dos acordos necessários, é preciso ter flexibilidade para compra e recompra de participações então o formato que melhor se adequa e esse que há um desembolso do colaborador.

É claro, a maioria das empresas facilitam isso, possibilitando que o colaborador utilize bônus e premiação para o pagamento das quotas ou ainda financiando a sua aquisição.

Isso garante duas coisas com essa admissão do sócio. Que ele realmente acredite que a empresa é um excelente negócio, e que ele realmente esteja alinhado com o crescimento.

b) Modelos de M&A

M&A é a sigla para Merge and Acquisitions, ou seja, fusões e aquisições. Muitos acham que isso se restringe as grandes empresas, e se você acreditar nisso pode estar perdendo uma excelente forma de crescer e que veremos com muita frequência no mercado contábil.

Vamos ao próprio exemplo que utilizamos, a aquisição da Tactus com a ACCE Contabilidade.

O Anderson Hernandes teve duas intenções ao faze-lo, que não era simplesmente adquirir os clientes da carteira. Um é a sua expansão para um mercado importante, já que isso leva a Tactus fisicamente para Belo Horizonte e depois absorver um Sócio super engajado que era o Bruno Lanna.

Veja, mas do que o valor monetário da carteira, Anderson destravou valor futuro, pois sua posição física em BH te trará muito mais oportunidades de negócio, junto com um sócio que pode ajudar nesse crescimento.

Esse é justamente o exemplo onde 1 + 1 não é igual a 2 pois a junção cria um valor muito maior.

Qual é o tipo sócio que faz sentido em sua empresa

Haha não vou dar dicas de como escolher um sócio de forma diretiva. Isso é muito difícil, acredite.

Mas eu acredito que existem duas questões que precisam estar muito bem alinhadas.

A Cultura, não é possível ter um sócio com uma cultura muito diferente daquela que você tem ou a sua empresa construiu ao longo de sua existência. Ter uma distância grande aqui, é sinal de insucesso.

A outra questão é a performance. Seu sócio deve já ter um histórico de performance existente. Não dá para acreditar em promessas. Comprar e não levar, não irá ajudar a você verdadeiramente a multiplicar o valor de sua empresa.

Conclusão

Bem, chego a essa parte do texto feliz, são mais de 2.000 palavras, mas mais do que isso uma entrega sincera e verdadeira para aquele empreendedor que está correndo para crescer nesse difícil ano de 2020 e chega cansado.

Essa reflexão também é minha. Por isso tenho pensado muito neste modelo para apoiar o crescimento. Não se trata de uma formula feita, ou exemplo prático. Mas espero que isso possa também ajuda-lo a construir o futuro de sua contabilidade.

Crescer junto com sócios e parceiros alinhados pode ajudar em muito a dividir uma carga grande nesse novo mercado contábil, mais complexo e que não basta seguir a cartilha para negócios de sucesso.